Quando se fala em trauma, a maioria das pessoas pode pensar em acontecimentos extraordinários e avassaladores (vítimas de crimes, catástrofes naturais, tortura, acidentes automobilísticos, etc). Porém acontecimentos comuns também podem ser traumáticos (perda de um ente querido, procedimentos médicos/cirúrgicos, quedas, situações de exposição e vergonha, etc).
Segundo Gina Ross (autora do livro “Do trauma à cura”), traumas são aqueles acontecimentos que desafiam a nossa capacidade de lutar e reagir. Quando o trauma se instala, é sinal de que o corpo e a mente foram incapazes de se reequilibrar depois de mobilizar energia para sobrevivência.
Ainda segundo Gina, existem 3 tipos de trauma:
Trauma de choque/agudo: acontecimento inesperado, súbito e assustador demais para que o sistema nervoso compreenda e assimile. Desencadeia medo intenso, sensação de desamparo, desorganização e perda de controle. As pessoas em choque ficam aturdidas, confusas, desorientadas.
Trauma de desenvolvimento/crônico: é fruto de prolongada exposição a ambiente desarmônico da criança em relação a seus cuidadores. Pode ser causado por negligência, abuso físico e/ou emocional. Manifesta-se em traços de personalidade disfuncionais.
Transtorno de estresse pós traumático (TEPT)/Trauma complexo: distúrbio decorrente de situações traumáticas não resolvidas e geradoras de ansiedade. Os sintomas que se manifestam geralmente são flashbacks (lembrar e reviver os sentimentos das situações traumáticas), hipervigilância (sensação de alerta ininterrupto – pode desencadear crises de ansiedade e pânico) e fuga/medo muito grande. Algumas pessoas podem reagir de forma a ficarem entorpecidas diante da vida (podendo desenvolver depressão).
Mas tem uma boa notícia! O trauma é comum e faz parte da vida. Nosso sistema nervoso e nosso corpo são naturalmente equipados para lidar com ele. A maioria de nós passou por diversas situações que superamos com nenhum, pouco ou algum esforço consciente. O trauma que se torna um sintoma disfuncional na vida, é um processo que deveria ser natural mas ficou incompleto. Isso significa que traumas não são um dano permanente e nem tem que durar a vida toda. No próximo artigo vou explicar como o nosso sistema registra o trauma para então entendermos como podemos superá-lo!!